Sometimes is never quite enough..

[,,] A saudade ensina ao coração o que sentiu e apreendeu quando estava a amar sem vontade ou sem prestar atenção. Ensina-lhe o que na verdade meteu dentro de si e jamais compreenderá - e que um dia deixará fugir.
A saudade é o castigo das almas puras, mas distraídas. [,,]

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Carta - cap. V


[,,]Estou no topo de uma montanha imensa, branca, como a mais pura das minhas emoções. Corri durante anos e tenho medo de parar. Consegues fechar os olhos e ver o que eu já vi?
De repente, olho e o branco já é verde, e o lago gelado parece um rio povoado de pontes de ferro, antigas, como as sensações que vivo dentro de mim.

Para quê dizer que és muito mais do que uma viagem ao mundo dos meus sentidos, se tu mesmo me olhas assim? Para quê explicar que nunca te quis pela cor dos teus olhos, mas sim pela alma antiga que os teus olhos castanhos me mostram... para quê? Se tu já o sabes.
Até onde eras capaz de ir, por amor? 

Quantas marcas julgas que ficam?
Meu doce amor, a alma é tão mais vasta do que toda a dor que acaba por sentir. Sabes que julguei nunca mais ser capaz de confiar, em ninguém. E eis-me aqui, contigo, numa entrega estranha e quase total. Sem medo da dor, sem medo do amanhã, como se a estrada fosse branca e larga, como se nunca tivesse deixado de o ser.
Tenho medo de promessas.
Porque as fiz. Porque mas fizeram no meu passado e as traíram.
Queria dizer, sem chorar, que nunca mais na vida acredito numa promessa, por muito bem selada que esta seja com um beijo de amor eterno, mas sei, com a certeza que só a saudade traz, que preciso de promessas. Que acredito, ainda, nelas e que as faço hoje para ti e para nós, e vou fazer um dia, mais uma vez, por amor. No fundo, o que muda não é a forma de amar, o que muda é a forma de entrega desse amor.
O auto-conhecimento cria equilíbrio, cria certezas, cria amor-próprio. Cria respeito.

Quero dizer-te, para que nunca duvides, que não esqueço do toque das tuas mãos, do desejo sentido num momento tão intenso que não reconheceria o som da chuva a cair, mesmo que chovesse torrencialmente em cima de mim. Quero dizer-te que sentir a tua boca na minha é sentir a tua alma na minha. “Don’t ever go”...
O que temos vivido são dias e noites de intimidade, de palavras, de carinho, de cumplicidade, de paz, de felicidade, de respeito, de partilha, de amor...
Pressinto que, entre nós, ainda tanto está para vir...
E, meu doce, meu amor de hoje e de sempre, sem pressa, sem medo, sem filtros ou muros, vou deixar-me ir nesta torrente de emoções sabendo, com uma certeza mais antiga do que o céu ou a terra, que a espera nos vai trazer o que ambos procuramos... desde sempre.

p.s. - i love you[,,]