Sometimes is never quite enough..

[,,] A saudade ensina ao coração o que sentiu e apreendeu quando estava a amar sem vontade ou sem prestar atenção. Ensina-lhe o que na verdade meteu dentro de si e jamais compreenderá - e que um dia deixará fugir.
A saudade é o castigo das almas puras, mas distraídas. [,,]

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Carta - cap. VI


[,,]A cor destas palavras é a de um dia quente de sol.
Parece Outono, cheira a Outono, mas ainda é Verão!
Estou sentado em frente ao mar e a vontade é de ir... Para longe, para o desconhecido, direito a um futuro que me espera e ao qual não consigo resistir.
 
Tenho, dentro de mim, tantas memórias estranhas de dias em que o futuro não existia, que este novo sentimento por ti se agarra à minha pele como sal. Sou feliz!
Desde cedo, povoei o meu mundo de criaturas estranhas e fantásticas. Fadas e duendes, meninas que eram pássaros e meninos que eram peixes. Estranhos, também, eram os meus limites. Vivia pela ânsia de viver, de experimentar, de nunca parar.. em cada uma das pessoas encontradas procurei sempre pedaços do que guardava dentro de mim. Mas, somos todos diferentes, guardando pedaços diferentes de cada uma das emoções.
 
Ao pensar em tudo isto que vivemos, todos os dias, os dois, sinto que quando os nossos mundos se cruzam, encontro em ti a pessoa que guarda, das emoções, os mesmos pedaços que eu guardo. Deixei de ser único, transformando-te em única, a ti!
Em cada uma das expressões dos teus olhos, vejo outras antigas que já conheço.

Meu Amor, de ontem e de hoje. Dragão das portas do meu paraíso inventado.
Como conseguir explicar, a quem não habita comigo e contigo neste castelo, toda a cumplicidade, intimidade e paz alcançadas? Como conseguir explicar que o tempo não se consegue definir, quanto mais medir?
Sorrio.. Não se explica o que apenas se consegue viver e sentir.
Quão assustador pode ser este sentimento?
Já te disse tantas vezes que tudo isto cheira a “destino”, que acredito realmente nisso.
Obrigado pelos momentos cheios de luz, cheios de sol.
Obrigado por conseguires ver, na forma por vezes sem pudor como falo de tudo, o quão especial és para mim. O quão especial tens que ser para que eu fale assim!
Obrigado pelo carinho incondicional.
Obrigado por teres visto, dentro de mim escondido, aquilo que hoje mostro, exteriormente, no meu sorriso.
Obrigado por estares presente, pela força, pela inesquecível magia guardada num gesto de carinho que cuida e me faz sentir protegido.
Obrigado pela tua alma partilhada. Pelas palavras que me apaixonam, que me arrepiam.
Obrigado...
Estou no pátio de um castelo antigo, construído de emoções eternas. As escadas são de papel e a música começa, já, a ser a de sempre. Fecho os olhos e apareces calmamente, como se sempre tivesses existido.
Esta intimidade traz-me aquelas certezas fáceis de sentir – Gosto tanto de aqui estar contigo!
Conheço as ruas por onde andas, o caminho que te leva de volta a casa. A que cheira a tua cama, também minha, num maravilhoso dia de sol, sei qual a sensação visual sentida ao te ver, com os pés descalços, no fim de mais um dia de trabalho. Sei como os teus olhos mudam de cor com a chuva, qual a cadeira que usas quando te sentas, na cozinha, a comer o teu iogurte..
És uma mulher de pés descalços, feliz e surpresa, na areia morna de uma praia numa noite de verão.
És um suspiro de um anel, uma vez posto e nunca mais tirado. És uma foto, tua e minha, numa praia ventosa e fria. És a intimidade de uma mulher e de um homem numa cama a cheirar a óleo e numa banheira de espuma.
És todas as músicas deste mundo e do outro. És as palavras maravilhosas que escreves e os dias quentes do Alentejo. És um beijo da sobrinha e o riso antigo dos teus antepassados. 
És os sonhos partilhados em mais uma noite de palavras, na qual as paredes deste nosso castelo tomam forma. O sorriso adivinhado na minha cara e sentido na minha voz, por algo mais que me fizeste ver e sentir. És todas as palavras que te escrevo.
O futuro e o presente, sem medos.
A intimidade que vai crescendo, entre nós, dá-nos o poder do reconhecimento, em qualquer ponto deste mundo, por uma palavra, uma música, uma voz, um riso.
O que te fez, ou melhor, o que te faz feliz é apenas adivinhado por mim. Pressentido. Fruto desta nossa maravilhosa forma de estar um com o outro.
Não te conheço pelo que aparentas ser. Conheço-te pelo que és.
E por isso, que é tanto de tudo..amo.te.[,,]

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Carta - cap. V


[,,]Estou no topo de uma montanha imensa, branca, como a mais pura das minhas emoções. Corri durante anos e tenho medo de parar. Consegues fechar os olhos e ver o que eu já vi?
De repente, olho e o branco já é verde, e o lago gelado parece um rio povoado de pontes de ferro, antigas, como as sensações que vivo dentro de mim.

Para quê dizer que és muito mais do que uma viagem ao mundo dos meus sentidos, se tu mesmo me olhas assim? Para quê explicar que nunca te quis pela cor dos teus olhos, mas sim pela alma antiga que os teus olhos castanhos me mostram... para quê? Se tu já o sabes.
Até onde eras capaz de ir, por amor? 

Quantas marcas julgas que ficam?
Meu doce amor, a alma é tão mais vasta do que toda a dor que acaba por sentir. Sabes que julguei nunca mais ser capaz de confiar, em ninguém. E eis-me aqui, contigo, numa entrega estranha e quase total. Sem medo da dor, sem medo do amanhã, como se a estrada fosse branca e larga, como se nunca tivesse deixado de o ser.
Tenho medo de promessas.
Porque as fiz. Porque mas fizeram no meu passado e as traíram.
Queria dizer, sem chorar, que nunca mais na vida acredito numa promessa, por muito bem selada que esta seja com um beijo de amor eterno, mas sei, com a certeza que só a saudade traz, que preciso de promessas. Que acredito, ainda, nelas e que as faço hoje para ti e para nós, e vou fazer um dia, mais uma vez, por amor. No fundo, o que muda não é a forma de amar, o que muda é a forma de entrega desse amor.
O auto-conhecimento cria equilíbrio, cria certezas, cria amor-próprio. Cria respeito.

Quero dizer-te, para que nunca duvides, que não esqueço do toque das tuas mãos, do desejo sentido num momento tão intenso que não reconheceria o som da chuva a cair, mesmo que chovesse torrencialmente em cima de mim. Quero dizer-te que sentir a tua boca na minha é sentir a tua alma na minha. “Don’t ever go”...
O que temos vivido são dias e noites de intimidade, de palavras, de carinho, de cumplicidade, de paz, de felicidade, de respeito, de partilha, de amor...
Pressinto que, entre nós, ainda tanto está para vir...
E, meu doce, meu amor de hoje e de sempre, sem pressa, sem medo, sem filtros ou muros, vou deixar-me ir nesta torrente de emoções sabendo, com uma certeza mais antiga do que o céu ou a terra, que a espera nos vai trazer o que ambos procuramos... desde sempre.

p.s. - i love you[,,]

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Carta - cap. IV



[,,]Sentei-me num cafezinho escondido e escrevi-te, num guardanapo fino e sujo de café, que estas folhas vermelhas que já vês, são pedaços da minha saudade que é como o mar, que vai e vem, tocando a areia de uma praia agora deserta, deixando espuma numa rocha feita de emoção mas parecendo pedra. Adoro-te. Porque sim, porque as palavras parecem, curiosamente, menores para te explicar o porquê de tanto.
Ouves os meus pés descalços que sobem e descem, sem parar, as escadas deste paraíso? Escadas de papel, talvez, que não cedem ao peso desta minha alma tão leve... Ouves os risos tão livres, os suspiros coloridos dessa mesma alma feliz, tão feliz? Ouves na minha voz a vontade da eternidade deste misturar de emoções? Ouves,..

Quão preciosos se tornaram estes dias para mim. Ser feliz, apenas feliz, parando, por vezes, num momento qualquer que vivemos. Seguindo em frente porque estas são “coisas” que não morrem mais.
Ouvi um carro ao longe e não tive que olhar para trás. As árvores, em meu redor, são gigantescas e o cheiro é o da chuva numa manhã na floresta. É tudo tão verde,  o verde antigo de um olhar que já senti. Vês-me? Desculpa, não consigo parar e a foto já não vai sair... deixa-me correr uma e outra vez. Corre comigo, apanha-me, abraça-me e diz-me, mais uma vez e sempre, “és lindo”.. Estou feliz e o pássaro é uma mulher. E a mulher és tu.
De repente, sem perceber como, já não estou sozinho num sonho antigo. O vento, que entrava por uma janela de um carro sujo, bate-me, agora, na cara, e os meus olhos já não vêm através de um vidro mas sorriem por cima do cabelo de outro alguém. As pernas são longas e fortes, as calças coçadas e os olhos fechados são feitos de ondas. Não falamos. Sei o que ela sente. Ela sabe o que sinto.
Então, parecendo ler-me o pensamento, pára no alcatrão quente de uma estrada, ilusoriamente, sem fim. Tira uma foto ao céu e dá-me um beijo breve. Sinto-me em paz..
Acima de qualquer sonho, existe a realidade. Nunca, em todos os castelos construídos, senti que a construção era partilhada, como agora. Os momentos contigo são como as palavras de um livro que se devoram mas se querem voltar a ler mil vezes, vezes mil.

Adoro-te de amor. Porque sim![,,]

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Carta - cap. III

[,,] Olhei em frente e vi uma rua cinzenta feita de pedra. Uma cidade conhecida, mas já esquecida por há muito não ser visitada, sentida.
Vi uma mulher que conheço de há muito, que me pertence, à qual pertenço, daquela forma única de quem pertence por amor, sem obrigação, longe de prisões e de amarras.
Caminho por esta rua que me cheira ao Outono que ainda não chegou e parece-se com um quadro pintado por mim no corpo da mulher que é pássaro e também dragão. Não a chamo, porque sei que ela já me viu, sentiu.
As lágrimas caem quase sem sentido, misturadas com sorrisos de quem acabou de acordar de uma noite de amor. Como te encontrar, sem te ver, neste mundo dos sentidos perdidos, senão através de lágrimas e de sorrisos? Vem, traz-me a voz de ontem e de hoje que me faz renascer das cinzas de um outro homem que fui e não vou ser de novo...
Quem serão estas pessoas, que me olham nos olhos julgando que basta um olhar para prender a minha alma de estrela? Estou tão longe desta multidão, tão perto de um paraíso, ainda que feito de matéria indefinida. Que luz será esta que brilha em frente a mim, sem me cegar?
Que homem é este que descobriste em mim e que dança, grita, canta até ficar rouco, ri e chora em segundos e se sente a alma-velha mais nova deste mundo? Olha para mim, agora, quero que vejas o que eu já vi... vem dançar esta música comigo porque adoro sentir os teus braços, o teu ritmo, o teu olhar de cor antiga e sempre tão em paz.
Vem... porque já não me consigo ver, sem ti.[,,]

sábado, 6 de agosto de 2011

Carta - cap. II


[,,]
És este som quente e sensual da Diana Krall,
a rebeldia desmesurada da Alanis, és os meus pés descalços dançando a felicidade de estar vivo,
és o medo de sentir essa felicidade e a alegria de a finalmente aceitar, és uma sala quente e acolhedora reduzida a um cantinho no chão, és um relógio parado,
uma banheira de espuma e um acordar cheio de sensualidade e prazer adiado.

És partida e chegada,
uma realidade tantas vezes alterada,
adaptada ao lugar onde estou.
És uma vela acesa à pressa,
uma lágrima contida,
um cheiro a corpos suados e um sabor que agora é só meu..
és um rio cheio de barcos na cidade que amo,
és o sol de fim-de-tarde
e uma caixinha de areia onde guardaste todo o carinho que tens por mim..
és imensa, intensa como o mar que amas,
doce como um gelado de morango comido a uma colher só, és quente nesse teu corpo de mulher crescida com olhar de criança e tão generosa que a minha vontade é pedir-te mais e mais e mais..

Disse-te, um dia, que as tuas palavras faziam amor com a minha alma e, tudo o que sinto, pode resumir-se a isto.. estar contigo é fazer amor com a vida, com o sol e a chuva, com a minha alma de homem e os meus sonhos de criança, com o caos da cidade e a paz de uma praia quase sem gente.. estar contigo é fazer amor com os teus olhos profundos da cor de um mar esquecido, com as tuas mãos que, de uma só vez, me envolvem por completo, estar contigo é fazer amor com o teu corpo pressentindo o meu. Estar contigo é fazer amor comigo mesmo!

Por tudo o que sinto, por tudo o que me dás, por tantas palavras deliciosas, pelos momentos sempre diferentes e simples ou complexos, pela tua generosidade, pelo teu carinho..digo baixinho e com amor: “Obrigado meu Amor". [,,]

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Carta - cap. I



[,,]Meu Amor..

Abre os teus olhos e vê esta luz de uma casa que é tua também.
Todas as minhas casas parecem existir, já, no teu universo.
O meu corpo, onde habitam os meus sentidos,
a minha alma, onde guardo as emoções,
a minha casa de pedra onde durmo numa cama de coberta amarela e onde as escadas parecem ter-te lá,
aguardando por mim.

Abre os teus olhos e olha-me,
como se me visses no meio de uma multidão cheia de calor, numa mágica noite de verão.
Abre os teus olhos
e sente a areia nos pés
e o tique-taque do relógio do tempo não marcado,
não escolhido por nós.
Abre os teus olhos...
vê este carinho imenso que te tenho,
que te transforma no pássaro-dragão do meu paraíso.

Passei a vida inteira a construir castelos de papel,
alimentados pelas minhas palavras que espalhei ao vento.
E são tantas as noites guardadas na minha alma de menino, agora já menos reais mas nem por isso menos importantes, que pareço ter esquecido que as minhas noites podem ser guardadas pelo homem que sou, agora, muito mais do que pelo menino.
Guardo-te em mim como homem
e lembro-te como menino...
sem pressas,
sem vontade de te prender,
pedindo para que fiques...
Fica, por favor.
Fica, para que este castelo que constróis comigo não seja de papel.

Se as horas fossem não mensuráveis diria que o tempo contigo parece durar o que dura uma bola de sabão, cheia de cores misteriosas que nos encantam e nos mostram, mais uma vez, que tudo o que é mais simples acaba sempre por ser tão mais forte, tão mais precioso que todo o resto do mundo gigantescamente iluminado por lâmpadas que acabam por nos ofuscar a alma e os sentidos...
Meu Amor, minha amiga, minha companheira de aventuras e de palavras, minha amante de ontem e de hoje... contigo, as bolas de sabão da minha vida não têm tamanho, não têm forma.
São como um dia de verão numa praia quente onde reencontrei, em mim, a vontade de viver, há muito apagada pelas memórias más de outros tempos.
São os teus braços em volta do meu peito, protegendo-me do resto do mundo.
É o teu cheiro nos dedos das minhas mãos e a tua boca colada na minha, molhada da água que caía sem razão...
São as tuas mãos que me fizeram sentir o homem mais bonito deste mundo, que transformaram um simples toque na mais sensual “viagem” de sentidos do meu corpo...
Sim, eu sei que para ti a explicação de tudo isto reside na realidade, na vida vivida dia-a-dia, na magia própria que a sensibilidade das nossas almas atribui ao que vivemos. Perdoa e aceita, no entanto, esta minha vontade, quase mania, de ver em nós uma qualquer centelha de magia ancestral, um pouco de destino, de desígnio, de “tinha mesmo que ser”...
Sinto-me protegido ao pensar, ainda que irracionalmente, que existe Algo que toma conta de mim, de ti.. [,,]