Sometimes is never quite enough..

[,,] A saudade ensina ao coração o que sentiu e apreendeu quando estava a amar sem vontade ou sem prestar atenção. Ensina-lhe o que na verdade meteu dentro de si e jamais compreenderá - e que um dia deixará fugir.
A saudade é o castigo das almas puras, mas distraídas. [,,]

segunda-feira, 13 de maio de 2013

[,,]Até ao fim do mundo[,,]

















[,,]Hoje escrevo-te, uma vez mais, de dentro da minha alma. Não sei mais se são sentimentos transformados em palavras, se palavras respiradas pelo peito e que teimam, de um jeito doce, em ser cravadas no papel. O que for. O que seja. O que têm em comum? – São genuínos.
Tu e eu.
Tudo aconteceu de um jeito tão deliciosamente repentino e frenético.
Num dia estávamos longe. Ausentes.
E passado todo esse tempo, sem assim o esperarmos, éramos invadidos por uma sede incontrolável de saber um do outro.
De nos sentirmos. Das palavras. Do toque. Do abraço.
Ouvíamos atentamente a voz um do outro. Cada timbre, cada suspiro.
E sem darmos conta do tempo, do caminho percorrido, estamos numa estrada caminhando sobre o asfalto.
Os dois.
Juntos.
Um trilho.
As mãos estão dadas.
Abraçámo-nos.
Numa cumplicidade e entrega de uma vida.
Como se o tempo tivesse parado para nos sentirmos.
Para nos descobrirmos.
Para nos respirarmos.
Para saborearmos cada segundo, cada som, cada carinho, cada olhar..numa cumplicidade jamais experienciada.
Estava tudo lá.
Tu.
Eu.
O mar.
A Lua.
A cumplicidade.
O Amor. 
Não foi um momento de descoberta.
Mas sim de reconhecimento.
O peito não descolava do teu.
As mãos não se largavam.
A tua respiração aquecia o meu corpo e a minha o teu.
A cada toque..uma viagem dos sentidos.
Uma viagem sem retorno. Sem igual.
O brilho do teu olhar era o nosso mundo.
E tu e eu, o polo norte e o polo sul.
Agora eu.
Agora tu.
Numa partilha sem igual. Sem precedentes.

Sabes, antes de começar a escrever esta carta, passei o dia com aquele nervoso miudinho. Quis que fosse perfeita, a escolha do "papel", das palavras, das cores..como se fosse isso o mais importante para que o que escrevo se torne único. E comecei a escrever, como uma criança excitada com algo que desconhece, com o que está prestes a acontecer, mas segue na mesma. Sem que isso a detenha. As borboletas na barriga eram mais que muitas. Milhões. Milhões vezes outros tantos milhões.
Sabes, Amor, contigo sinto-me assim, nas nuvens.
Aquele momento mágico que acontece somente uma vez na vida e que fica para sempre na memória, na essência.
Na essência, consegues sentir a importância disso? A Essência.
Borboletas na barriga, um arrepio quente, todas as emoções juntas num mesmo momento, numa mesma cor, num mesmo cheiro, numa mesma imagem..inesquecível..inexplicável..imensurável..

O final de tarde caiu sobre nós e as minhas certezas eram a hélice que me conduzia até ti. Em ti. Pelo ar de sentir-te. Por caminhos onde nunca passei. Os teus olhos que nunca esqueci. Os teus lábios que beijei num único beijo, longo e doce. O teu cheiro que tinha guardado em mim. O teu sabor que nunca provei. O teu corpo que nunca toquei. Fui invadido por uma certeza..e a luz da vela que teimava em iluminar o quarto, refletia a chama no teu rosto..e dentro de mim soou uma voz que disse.. “tu és tão bonita, és o reflexo da minha alma..quero ficar aqui para sempre”.
E nesse mesmo instante, com sabor a eternidade, olhei novamente para ti, deitada naquela cama, naquele nosso quarto desenhado a preceito, que transbordava a sensualidade, a paixão..a eternidade.
E agradeci.
Sou um Homem de sorte - pensei.
Enquanto as pessoas elevam preces..pedem riquezas..naquele momento, o meu único pedido..era que me encontrasses..tal e qual como sou.
E que me aceitasses.
Que a tua presença me trouxesse sempre alegria, confiança e paz..nesse instante..nesta vida.
Nem sei se te apercebeste, ou se escondi nas sombras do quarto, das lágrimas que correram no meu rosto, como resultado de uma série de reações esquecidas pelo meu corpo, pela minha alma e principalmente pelo meu coração.
Como um dragão, que acorda depois de séculos hibernado, como se estivesse adormecido por um feitiço, ou talvez pela segurança de uma redoma que o protege.

Com que direito entras na minha vida e te aconchegas, tomando conta de cada pedacinho do meu coração? Que cruzada é essa Nekita? Não pediste licença, nem sequer tocaste à campainha. Mas já estás instalada, não sei como, mas a certeza que tenho é que, hoje tu és única. E amanhã continuarás única. Sim, confesso, estou com medo. O menino-homem, de pés grandes, também tem medos. Por isso, admito sem reservas que, estou com medo. Com muito medo, aliás. Tinha conseguido adormecer o dragão, e achei que nunca mais fosse acordar, mas descuidei na segurança, tu vieste e foi acordado.
E agora o que faço? Não está mais nas minhas mãos o controlo.
Sinto-me vulnerável, indefeso. Pior.. não quero defender-me.
Já sentiste vontade de chorar assim do nada?

Sabes Amor, conheço-te. Desconheço-te. Tens palavras bonitas a pulsar dentro de ti. Tens uma alma bonita. És uma Mulher. Tens um corpo de sonho. De viagens e sensações únicas. Reinventaste-me aos poucos. Lutas contra aquilo que te faz mal. Sabes que às vezes é sábio dar um passo atrás para poder caminhar em frente. Embora te custe, sabes que às vezes temos que saber perder. Sabes ouvir-me, mesmo quando explodes antes de pensar. A insatisfação e a sofreguidão com que vives, tornam-te intensa, mágica, magnética, mas são também os causadores das tuas inseguranças e temores. Fazer-te feliz, constantemente feliz e emocionalmente saciada, é porventura uma tarefa hercúlea, mas, para o homem que o conseguir, altamente recompensadora. E eu arrisco a dizer-te..eu sou esse Homem. Com esse Amor no meu peito. Trago-o comigo desde o dia em que te conheci. E Amor, por ti vou até ao fim do mundo. Ao fim do mundo.
Amo-te de paixão.