Sometimes is never quite enough..

[,,] A saudade ensina ao coração o que sentiu e apreendeu quando estava a amar sem vontade ou sem prestar atenção. Ensina-lhe o que na verdade meteu dentro de si e jamais compreenderá - e que um dia deixará fugir.
A saudade é o castigo das almas puras, mas distraídas. [,,]

domingo, 15 de janeiro de 2012

Carta - cap. VII























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Ontem é hoje.
“Sabes, eu acredito.. porque a vida me ensinou que o que sentimos é sempre mais puro do que pensamos vezes sem contar...”

Ontem.
Ontem, o mar sorriu para mim. Estava mais calmo do que nunca.
Aquele que um dia sorriu quando nos conhecemos pela primeira vez. Nesta vida. Noutra vida. Pouco importa. Estava tudo lá. O carinho. O alívio de seres tu. De existires. Talvez tenham escasseado as palavras. Não foram precisas. As palavras, as pessoas, a música... meros adereços.
A vontade de partilha era a de uma vida, de sempre. E o encontro, esse era de minutos contados.
Uma Lua que espreitava linda no céu. Um sorriso. Dois. Uma cumplicidade. Duas. Duas almas. Um sonho. O sonho era antigo. O de sempre. Assim como o olhar. Aquele que me enternecia todas as noites ao deitar depois de te ter conhecido.

A viagem ainda agora tinha acabado de começar.
Se existem momentos perfeitos? Aquele foi nosso! E de mais ninguém.
O toque, a cumplicidade, os abraços, as mãos, os beijos.. quis perdurar todas aquelas sensações, nunca vividas, por toda a eternidade.
A eternidade que se resumiu a minutos.
 
Hoje é amanhã.
Hoje o dia fez-se azul e o mar estava tão sereno e brilhante. Ultimamente tenho-me detido em frente ao mar, inalando a brisa salgada e absorvendo o som grave das ondas misturado com o grito estridente das gaivotas. E assim fui adquirindo este apaziguamento. A solidão destes momentos tem-me permitido reflectir sobre uma imensidão de questões sem respostas, sobre ansiedades e impaciências.
A calma que sinto permitiu-me sentar e escrever-te.. permitiu-me regressar ao tempo em que fugia do mundo e me deixava levar pela inspiração.
Dei por mim a folhear as cartas que te escrevi e que imprimi para as tornar mais próximas.
Olhei para trás, para nós.. Vi-nos iguais, diferentes, numa intemporalidade difícil de definir, mas tão fácil de sentir...
E ao lê-las percebi porque me apaixonei por ti.. pela tua alma. Porque fazes vibrar a minha alma de emoção sempre que em ti penso, porque ao ler-nos regresso a casa e volto para mim mesmo.
Vejo em ti os sonhos que sonhei; vejo o mar azul banhado por um sol dourado e sinto uma segurança nunca antes experimentada.
Desde que te conheci. que não passou um dia sem me lembrar das tuas palavras, dos teus risos, dos sonhos e da fantasia, da vontade térrea de querer encantar o espaço e prolongar o tempo indefinitivamente.
Apesar de homem do mar.. senti nos meus pés descalços, a areia da praia.. como nunca antes tinha sentido..

Tenho-te comigo desde sempre, desde que te mostrei a verdadeira descrição dos meus olhos, do meu abraço.. que partilhámos o nosso primeiro luar e inevitavelmente o primeiro de muitos suspiros.. momentos que ficaram retidos na memória do coração, a mais caprichosa e apaixonante, que tem vontade própria.
Hoje não quero racionalizar o nosso amor.. apenas me basto com a sua existência. Porque o nosso Amor.. é tudo... é o mundo... é a vida... é tudo o que sou.
 
E hoje é quase amanhã...
Nem sei como vou reagir quando os meus olhos pensarem nos teus.. Não sei se controle a ternura do corpo e o trémito inquieto do coração, ou se me deixo cair sem defesas nos teus braços.
Mas independentemente do tempo, do ontem, do hoje e do depois, quero dizer-te que estou aqui..sempre. Quero gravar neste tempo que nos guia, que te amo... Intemporalmente.. 
E independentemente do amanhã quero ser para ti um sempre... um sempre paradoxal que mistura o passado, o presente e se projecta no futuro, continuamente...em amor. Sempre em amor. [,,]