Sometimes is never quite enough..

[,,] A saudade ensina ao coração o que sentiu e apreendeu quando estava a amar sem vontade ou sem prestar atenção. Ensina-lhe o que na verdade meteu dentro de si e jamais compreenderá - e que um dia deixará fugir.
A saudade é o castigo das almas puras, mas distraídas. [,,]

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O sussurro do mar


“... Era fim de verão, à tarde e já a noite segredava ao dia a brisa fria. Quando ele chegou, já ela contornava a mancha da água deixada na areia. Ele viu-a, com os cabelos semelhantes ao mar, naquele momento, vermelhos e inquietos. Cabisbaixo, dirigiu-se para ela e olharam simultaneamente o sol. Olharam-se e seguiram... depois riram. Correram como duas crianças, empurraram-se e caíram, ele prendeu os braços na areia, e com o seu olhar lânguido, deixou o seu rosto cair sobre o dela. Ela levantou-se e correu. E ele seguiu-a.
De súbito pararam, mergulhando num silêncio como que dizendo; vem serenidade e um pássaro poisou num rochedo. O rapaz caminhou, olhando a estrela da tarde. Parou frente a ela e abraçou-a, fazendo aparecer no rosto uma gota de mar. De mãos dadas, pisaram a areia até ao infinito. A esfera vermelha que até então pintava o mar, deixou-se pintar por ele. O sussurro do mar na areia... A Lua surgiu e consigo o brilho... O mar e a areia falavam dos dois amantes, e eles do mar e da areia. E porque a Lua lhes pedia, beijaram-se, e a brisa fria não pode ali passar. E tudo estava tão calmo! Olharam-se ternamente como que procurassem o motivo de ali se encontrarem. O rapaz fixou a Lua, os lábios tremeram-lhe e uma lágrima lavou-lhe o rosto. Ela tocou-lhe, receando não sentir de novo o calor dos seus lábios. Ele avançou para o mar... e um golfinho surgiu! Ela deixou-se levar pelo vento!... E a Lua brilhou como nunca!... ”